sexta-feira, 10 de maio de 2013

O que seria: relacionamento?

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Sentado à beirada de um rio.
Quantos pensamentos, quantos momentos se passam. É ao mesmo tempo externo, mas me traz uma impressão que está em mim. A correnteza, a força, as águas, sem parar. Não me afeta, mas de alguma forma me leva também. Afinal também sou água, sou força, sou a inconstância desse volume que passa sem mesmo saber onde está indo.
O que importa para onde vai?
Na margem, ou à margem, sou o observador. Mas vamos imaginar que eu fosse o observado?
O rio me olha. Parado. Perdido em pensamentos. Simplesmente ali olhando, sem ir a lugar nenhum.
Quantos olhos teria o rio que sempre passa, a cada segundo diferente, me olhando de outra forma. Ele não conseguiria entender porque estou ali, parado.
Talvez me convidaria a entrar. Sentir sua energia. Seu fluxo. Sua textura, sua temperatura. Sentir, através dele, a própria vida. A minha vida.
Sentir ao mesmo tempo toda a alegria dos momentos que sempre passam, rápido, quase que através de mim, e eu no rio, parado.
Agora parecemos um só. Eu e o rio.
De certa forma ele está me movimentando, levando de mim o que já deveria ter descartado. Até meus pensamentos se foram!
Mas ele está ali, parado também, mas se movimentando.
Não posso mais dizer o que sou eu e o que é o rio.
Então, saio dele. Ele está novamente à minha frente. Continua lindo, seguindo seu caminho...
Um relacionamento.
Acho que é isso: um relacionamento.
A gente se coloca como observador e aos poucos nos transformamos em uma coisa só.
Vamos entrando em outras vidas, e elas passam a ser nossas também.
Mas em determinado momento nos separamos de novo, mas aquela experiência de certa forma nos transformou.
Relacionamento.
Aceitar o convite para entrar no mundo do outro e por um breve momento se tornar um mundo só. Talvez seja isso.
Precisamos apenas estar dispostos a aceitar o convite.