quarta-feira, 7 de março de 2012

Cozinhando a Europa


Um pouco de azeite. Cebola. Alho. Pimentas de cheiro.
Do outro lado, cogumelos. Cozinhando. Reduzir.
É a alquimia dos sabores. Água quente. Ao dente.
Agora é balançar as mãos para os aromas se misturarem ao ar.
Misturar a vida. Dar vida aos sabores. Dar vida a vida.
Perfume. Um pouco de magia, alimento da alma.
Não se alimenta o corpo, alimenta-se o espírito.
Há música em misturar os alimentos.
Há arte em misturar os temperos da vida.


Arte, uma porção de arquitetura, uma pitada de música, muita luz e... pessoas, que ali sempre e sempre passarão.
Andar, andar, andar e balançar as mãos para que a alquimia do todo se misturar ao ar.
Os rios, os mares, os amores, a inspiração...
As vezes tão fria que nos proporciona um eterno amanhecer. O amanhecer em todas as horas.
Ah... o perfume, o perfume da vida que vem do simples respirar.
Histórias que estão vivas em todas as esquinas, vivas porque se renovam, incansavelmente contadas e recontadas... escritas e reescritas... vividas todos os dias.
Há música, há arte em se misturar existências.

segunda-feira, 5 de março de 2012

As palavras são mortas.



Escutei de um amigo (Rene Uchôas) a seguinte frase: "As palavras são mortas. A partir da experiência elas se tornam vivas em nossa mente."
É isso!
A literatura se torna viva quando na imaginação a história se mistura com nossa própria vida. Elas saem do livro para se transformarem em aromas, sabores, sentimentos...
Esta frase é muito interessante, este conceito em si, além de tornar-se vivo quando entendido, pode ser extrapolado à todas as coisas da vida.
Tudo é morto até que seja vivenciado por alguém, ou melhor, se torne uma experiência para alguém.
O filósofo Frank Jackson apresenta um argumento que pode ilustrar este assunto, "o mundo de Maria," que é mais ou menos assim: suponha que Maria nasceu e foi criada em um ambiente em preto-e-branco. Suas experiências foram controladas para que nunca experimentasse a cor. Quando adulta, Maria se torna uma grande cientista que descobre tudo o que há para saber sobre o que se passa com o ser humano quando ele tem uma experiência de vermelho, apesar de sua vida em preto-e-branco. Um dos cientistas, de fora da sala, joga um tomate maduro em seu mundo. Ele agora tem uma verdadeira experiência, nunca antes vivenciada com o vermelho. O vermelho se tornou vivo. E ela reaprende tudo sobre o vermelho depois deste fato. É assim.
Quantas vezes vivemos em nosso mundo preto-e-branco. Quantas vezes lemos um texto sem deixar com que as palavras se tornem vivas.
Em inúmeras situações, tudo o que nos cerca na verdade está morto se não houver uma conexão conosco. Importante ressaltar que esta experiência é única. É preciso cada um dar vida à sua vida, e ela só fará sentido se tudo a sua volta fizer sentido para você.
Hora então de colorirmos nossas vidas.
Viver é participar, não apenas coexistir.
Para terminar, acho que uma frase atribuída a Sócrates pode resumir nossa existência nesta vida: "a vida não examinada não merece ser vivida," mas poderia ser assim: a vida não experimentada não merece ser vivida."