sexta-feira, 9 de setembro de 2011

No fundo, no fundo....



Todo mundo quer ser rico, bonito e cheiroso. Quer ter uma casinha de final de semana em Mônaco, curtir um "friosinho" nos Alpes, repensar a vida Paris, sair um pouco da dieta na Itália e quem sabe espiritualizar-se um pouco ali na Índia. Índia... humm... um "pouquinho" mais para baixo, ali em Bali. É exótico também.
Enfim, todo mundo quer ter sucesso, muito sucesso.
Essa é a grande caminhada para muita gente, mesmo sabendo, lá no fundo, que não vai dar certo.
Mas tem a propaganda, essa propaganda que teima em dizer que você pode, pior ainda, você deve!
E então começa loucura, a tônica é: trabalhe muito, faça umas "trapacinhas" de vez em quando, pequenas trapaças para "chegar lá" pode sim, quase tudo pode né?
E assim anos se passam, tentando, tentando... e olha... alguns realmente consegue atingir esse "paraíso" terrestre. Dinheiro, prazeres e compras, muitas compras. Vamos comprar tudo! Até bonito a gente fica!! Vai uma Ferrari aí?
Essa se torna a meta de muitas pessoas, ter, ter muito, ter muito de tudo!
Essa busca é um espelho, distorcido, mas um espelho do que todo mundo procura na verdade, a felicidade.
Um monte de "gurus" dizem que a felicidade está mais perto que a gente imagina, dentro da gente mesmo. Que piegas isso não? Mas dentro da gente não tem Ferrari!?
Mas pode ter caviar, bons vinhos, trufas, destilados escoceses, espumantes de regiões únicas da terra, mas... estas coisas entram e saem da gente. E de uma forma meio esquisita, meio mal cheirosa. Nossa! Saem iguais as outras coisas menos nobres que entram também.
Espelhos tem a função de refletir, dependendo da posição, refletem outras realidades que a gente não consegue enxergar. Não conseguir enxergar não necessariamente quer dizer que não exista. Então pode ser que exista outra forma de ser feliz? Que não precise de nada disso? Que dá para chegar a tão sonhada felicidade, que tem quase o mesmo significado de Paz, sem precisar comprar nada?!?
Há uma pequena, mas fundamental confusão entre sobreviver (daí a necessidade de comprar, conforto, bem estar físico) e VIVER.
Viver pode ser muito mais que apenas ter e sobreviver. Com pouco ou com muito, não importa, o que importa mesmo é estar bem. Estar em paz. Estar feliz. Em qualquer lugar.
Ah... Isso a propaganda não tem como vender. Na verdade não tem como se comprar! Então, tem que se conquistar, e esta conquista está onde? Aí meu Deus... dentro da gente mesmo. Que chato isso não? Vira, vira, vira e sempre cai na mesma. Parece papo de cirurgião, mas infelizmente a felicidade esta bem ali. No fundo, no fundo... no fundo da sua alma. Bem mais perto que Bali, mas... que Bali é lindo, é lindo.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Eternidade e seus quinze minutos de fama.



Todo mundo gostaria de ter seus quinze minutos de fama, ou pelo menos quase todo mundo. Podem ser quinze minutos que se tornarão eterno. E todos almejam a eternidade.
O que é a tão sonhada eternidade?
Eternidade é aquilo que alguém faz, é visto, falado ou escrito pelas pessoas, passado de geração a geração, até se tornar... eterno. A eternidade só existe se alguém registrar o fato. Se uma grande personagem ajuda um pobre coitado e o mundo fica sabendo... esse momento se torna eterno. E podemos creditar grande parte desta responsabilidade pela "eternização" das coisas na conta da deusa Mídia. Uma das maiores deusas da modernidade. Constrói, destrói, inventa comportamento, faz das pessoas medíocres personalidades incríveis. Só perde para o “deus dinheiro”, o maior dos deuses da mitologia contemporânea.
Imagine você, em um determinado momento, faz uma grande ato de amor a natureza, mas ninguém fica sabendo... esse momento só existiu para você, e claro não se tornou eterno para ninguém, talvez somente para você mesmo. Que triste isso não?
Então, os momentos só existem se outras pessoas participam dele? Ou então criamos estes momentos e eles só são realidade para nós. Mesmo que nossos pensamentos muitas vezes nos leve ao solipsismo, acredito “os outros” existem sim.
Talvez aí um dos motivos da importância da religião, no seu sentido verdadeiro de religar, porque nos traz a eternidade através da evolução pessoal, sem ninguém precisar saber disso. Sem depender dos outros para propagar nossos feitos, apenas para nos ajudar a evoluir.
Essa eternidade não passa somente pela imortalidade da alma, mas principalmente pela importância dos momentos solitários, das ações despretensiosas... a eternidade de cada momento vivido.
Eternos são nossos pensamentos, eterna é a nossa experiência, eterna é a construção de nossa história, única, e cá entre nós, não interessa a mais ninguém. Importante mesmo, ela é para nós. Eternidade é parar de querer os famosos "quinze minutos de fama", para conquistar trinta, quarenta, cinqüenta, sessenta anos de paz. Sentirmos orgulho de nós mesmos, conquistar a fama ao nosso olhar, a paz interior, e por mais solitário que pareça esta conquista ela só acontece se for através da doação aos outros.
Isso é eternizar nossas vivências.
Somos eternos, sem precisar espalhar isso pela voz, pela escrita, pela mídia, porque acontece no silêncio das almas, de geração para geração, apenas através do pensar.